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Estado inflamatório e clínica – parte 10

A inflamação, quando não tratada, se torna um problema cíclico: períodos de melhora e piora.

Situações assim, levam o paciente a errar a forma de cuidado com a lesão, pois excedem a carga durante a atividade, pois estão assintomáticos, e isso piora a inflamação.

Isso porque, a inflamação crônica é oportunista, quando o paciente menos espera, ela entra em seu estado de pico, limitando o paciente, seja pela dor ou limitação articular. Muitas vezes até ambos.

Como no caso do termograma abaixo de uma paciente do sexo feminino, 41 anos, sem comorbidades e com histórico anterior de dor em joelhos e que apresentou agudização das dores dos joelhos, limitando inclusive o andar. Foi realizado uma Análise Termofuncional e detectado alterações térmicas condizentes com o relato de dor.

Estes resultados demonstraram que a inflamação estava totalmente ativa e em seu pico, determinando e delineando o objetivo do tratamento. Justamente por ser uma lesão crônica, de ciclos, a carga terapêutica deve somente ser incluída na fase assintomática e com muita cautela.

Além disso, com o olhar do Monitoramento da Condição Funcional© é possível determinar se a inflamação está cedendo ou não, isso guiará o incremento da carga terapêutica com menos risco de uma nova agudização.

A chave para passarmos do estado inflamatório para a regeneração é o respeito pelas fases da própria inflamação, ainda mais quando falamos de incremento as cargas terapêuticas. Fase esta determinante para o sucesso no tratamento reabilitativo.

#inflamação #dor #fisioterapia

Estado inflamatório e clínica – parte 9

Entender de inflamação e como regenerá-la também passa pelo estudo biomecânico, principalmente em lesões crônicas.

Neste sentido, devemos sempre observar os índices que esportes específicos promovem, como Beach Tennis, um esporte que está em evidência. Num estudo relatado abaixo (Lesões ortopédicas nos praticantes de Beach Tennis no Brasil), os autores descobriram que quase 50% dos praticantes relataram lesões decorrentes do esporte.

Isso nos dá uma pista de como a biomecânica desportiva se comporta. Fato esse muito importante para entendermos como o mecanismo lesivo se desenvolve, determinando possíveis comprometimentos teciduais subjacentes.

Estas informações também nos dão pistas de como o estado inflamatório pode estar comprometendo o tecido ao longo do tempo, por conta desta biomecânica errada associada a outros fatores agravantes, como despreparo, sedentarismo, sobrepeso, etc.

Além de fornecer informações para incrementar um planejamento terapêutico, também fornece informação para a elaboração do tratamento para o retorno do paciente a prática esportiva, com menor risco de lesão.

Dito isso, saber que a prática esportiva influencia diretamente na inflamação apresentada pelo paciente, por conta da repetição da biomecânica errada, é a chave para o programa regenerativo completo.

Assim, o estudo das lesões do esporte praticado pelo paciente permite determinar uma estratégia terapêutica que será capaz de tornar sua reabilitação mais eficaz, completa e preventiva. Foco final do fisioterapeuta.

O início da inflamação você não controla, mas o desfecho você pode influenciar.

#inflamação #dor #fisioterapia

Estado inflamatório e regeneração – parte 5

Na fisioterapia, a liberação de carga refere-se à estratégia de remover a carga ou o peso sobre a área afetada durante o processo de reabilitação e aplicá-la gradualmente somente quando o tecido estiver apto. Isso é feito para permitir que o tecido lesionado se recupere adequadamente sem sobrecarregar ou lesar novamente a área.

Isso porque a liberação de carga é uma abordagem que busca equilibrar a necessidade de imobilizar e proteger a área lesada com a necessidade de promover a recuperação funcional e a restauração da força e mobilidade. O objetivo é permitir que o processo de cicatrização ocorra sem comprometer a integridade dos tecidos e, ao mesmo tempo, evitar a perda excessiva de massa muscular, diminuição da densidade óssea e rigidez articular.

A estratégia de liberação de carga pode variar dependendo do tipo e da gravidade e intensidade da inflamação. Em alguns casos, pode ser necessário o repouso absoluto inicial e a aplicação de modalidades terapêuticas, como gelo, compressão e elevação (conhecidas como RICE, do inglês “rest, ice, compression, elevation”). À medida que a cicatrização progride e a dor diminui, a carga pode ser gradualmente reintroduzida por meio de exercícios terapêuticos e atividades específicas.

O cuidado entre a liberação e a aplicação da carga e a regeneração é o segredo para a completa regeneração celular e a volta a funcionalidade. O profundo conhecimento das várias fases do estado inflamatório e das diversas técnicas de aplicação de cargas é o que separa dos melhores resultados para a ausência de resultados.

Neste racional, a sabedoria está sempre no equilíbrio da liberação da carga. Parafraseando Aristóteles: “A dúvida é o princípio da sabedoria.”

#inflação #dor #fisioterapia

Sobre gradientes e suas peculiaridades – parte 5

No universo do Método de Termografia Infravermelha o gradiente (análise qualitativa) torna-se a chave para a interpretação e o entendimento dos relatos de dores e disfunções dos pacientes, muito mais do que a temperatura (análise quantitativa) em si.

Assim, quanto temos o profundo conhecimento deste método e suas técnicas derivadas, passamos a entender e usar muito mais o gradiente do que a temperatura. Até porque, como ainda não temos parâmetros fidedignos de graus risco (escalas de temperatura) de disfunções, estes ainda não podem ser usados como forma exclusiva de risco. Além disso, existem outros sinais e sintomas que já demonstram a gravidade da disfunção sem termos a apresentação de grandes alterações de temperatura.

Como visto no termograma abaixo de uma paciente do sexo feminino, 50 anos, sem comorbidades, praticante de atividade física, sem exames prévios de imagens e com relato de dor associado a limitação de movimento da região lombar. Foi realizado uma Análise Termofuncional onde não foram detectados riscos térmicos. Porém, através do gradiente, foi detectado alterações térmicas condizentes com irradiação em forma de “Asa de morcego” ©.

Este gradiente facilitou muito o entendimento da causa de dor, inclusive a progressão desta, se não tratada. Isso facilitou muito na hora de explicar a paciente como a progressão da disfunção poderia acontecer e como a reabilitação poderia diminuir esta.

Quando temos um gradiente que descreve a forma da disfunção, fica mais fácil interpretar e associar os achados clínicos com os sintomas do paciente. Entretanto, não ter o conhecimento profundo dos métodos e técnicas pode levá-lo facilmente ao erro, pois a imperícia promove o viés de “crença” e esta ameaça a validade da interpretação.

Dito isso, e como comentado em posts anteriores, somente com o profundo conhecimento de cada método e técnica utilizados para saber como analisar e interpretar corretamente o gradiente, pois “a forma é um vetor de forças”.

#termografia #dor #fisioterapia #reabilitação #termografia

Dor e suas respostas – parte 3

Agora, caro colega fisioterapeuta, vamos entender como “mensurar ou definir” uma dor X disfunção, pois fazer isso é extremamente complexo.

Atualmente, entendemos a dor como um fenômeno ‘biopsicossocial’ que é resultante de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, comportamentais, sociais e culturais e não um fator binário como a lesão. Dito isso, a CIF (Classificação Internacional da Funcionalidade, incapacidade e saúde) foi criada para entender a “dor” (vamos simplificar, mas é muito mais que isso) como ela é, um fator biopsicossocial.

Portanto, quando mensuramos a “dor”, estamos apenas focando em um fator de uma complexa rede de informações. Por isso, devemos usar o relato consciente da dor e a patologia com parcimônia, pois elas são binárias.

Somado a isso, ainda temos todos o intrincado de métodos avaliativos como dito no post anterior, temos todos os resultados avaliativos que devem ser integrados e analisados com os resultados da CIF. Somente assim poderemos atestar uma disfunção e seus efeitos no indivíduo.

Vejam como é complexo determinar uma disfunção e seus efeitos no indivíduo. Claro que podemos nos ater apenas na disfunção para conduzirmos a reabilitação da melhor forma, mas devemos sempre ter em mente o que que a disfunção tem como consequência.

Minha modesta opinião: todo fisioterapeuta deveria fazer um curso de CIF. E conselho: façam no seu conselho de classe.

Reabilitar não é apenas “tirar” a dor, é devolver a função e independência do paciente, guardada as devidas proporções.

#dor #fisioterapia

Estado inflamatório e regeneração – parte 7

O estado inflamatório é multifatorial que produz consequências com efeitos bioquímicos e físicos (alteração na arquitetura tecidual), o reflexo disso pode ser visto fisicamente como edema, dor, vermelhidão, calor e perda da função = sinais flogísticos.

Estes efeitos funcionam como um mecanismo de defesa que visa cessar a causa inicial da lesão celular e suas consequências, dando tempo para o próprio tecido regenerar o local lesado.

Então como devemos saber que momento colocar a carga? Para que esta resposta seja corretamente aplicada na clínica, devemos entender do grau e da extensão da inflamação.

É claro que se tivermos uma lesão leve numa extensão leve, teremos um estado inflamatório pequeno e poderemos iniciar cargas precocemente. Agora, se temos uma lesão mais extensa, mesmo sendo leve, devemos ter mais cautela. E assim sucessivamente.

Isso é quase um cálculo matemático, lindo por se dizer, onde o tempo de regeneração do tecido é dependente do grau e da extensão do estado inflamatório. Dito isso, é nisso que o fisioterapeuta tem que focar para ter assertividade entre o estado inflamatório e o correto tempo de descarga de peso.

Falaremos melhor disso nos próximos posts.

#fisioterapia #inflamação #dor

Sobre gradientes e suas peculiaridades – parte 4

A atividade física promove inúmeros efeitos benéficos imediatos e tardios no organismo. Os imediatos, são vistos durante ou imediatamente ao término do exercício.

Já os efeitos tardios são mais visíveis ao longo de um determinado, tempo de acordo com a atividade executada. Cada atividade tem um efeito resposta e esta nem sempre pode ser vista ou completamente medida, mas uma grande ferramenta não invasiva para se ver os efeitos imediatos e tardios do pós exercício é a termografia. Porém, não basta ter uma câmera na mão e ver uma imagem, deve-se entender o que se capta, seu contexto e limitações.

Imediatamente pós exercício a troca térmica promove uma linda imagem de gradientes, mas não quer dizer que o atleta tenha ou venha a ter problema ou uma disfunção. Para se usar a termografia, deve-se ter todo o contexto, ambiente e situações muito bem mapeados e controlados para não se assumir eventos equivocados.

Como visto neste termograma de um corredor: este foi tirado 1 hora depois de concluir o percurso.
Não basta ver, você tem que entender tudo que se passa para dar um correto diagnóstico. Gradientes são lindos, mas eles podem te iludir.
#fisioterapia #termografiainfravermelha